O “FORDISMO” NO BRASIL

O fordismo consiste em um sistema de produção industrial baseado na fabricação em larga escala, na extrema especialização do trabalhador e na linha de montagem com esteiras de produção. O modelo foi inicialmente utilizado na indústria automobilística e trouxe redução de tempo e de custo em relação ao sistema anterior. Um dos pontos negativos do fordismo era a alienação do trabalhador em relação ao processo produtivo e, além disso, o mesmo tinha que obedecer a regras rígidas e era constantemente controlado e vigiado pelo seu supervisor. No Brasil o fordismo teve características diferentes, devido ao contexto histórico no qual foi implantado.

O Brasil tinha uma economia extremamente voltada ao setor agrícola e a população era na maioria rural. Devido à crise de 29 que gerou a diminuição da exportação do café e consequente crise econômica no setor agrícola e na economia brasileira, há uma aceleração do processo de industrialização devido a influências do estado para a diminuição de importações. E assim houve uma migração massiva do campo para a cidade. Esses trabalhadores rurais tinham técnicas pouco qualificadas e ainda tinham influências do período de escravidão. Além disso, houve o encerramento do fluxo de imigrantes para o Brasil, os quais possuíam uma mão-de-obra mais qualificada. Com uma indústria desestruturada e sem qualificação, foi necessária a implantação de um novo modelo administrativo. Nas indústrias começam a ser feitos processos de recrutamento e seleção, técnicas provindas do taylorismo, para selecionar o trabalhador certo para determinada função, porém, como a maioria dos trabalhadores possuiam  técnicas desqualificadas, quase todos eram contratados. Como a mão-de-obra era desqualificada, diferentemente dos EUA onde o fordismo gerou grande alienação por parte dos trabalhadores a respeito do processo produtivo, no Brasil com a implantação do sistema houve um aumento da qualidade do serviço. Além disso, as rígidas regras não eram bem recebidas pelos funcionários, que não gostavam do modelo de supervisão fordista.

Dessa forma a implantação do fordismo no Brasil não foi bem sucedida e não se concretizou plenamente. Segundo Zaneti e Vargas (2007), ao analisarem a indústria paulista, afirmam que até a década de 1940 o taylorismo e o fordismo estavam presentes apenas no discurso de classes patronais. Esses novos modelos americanos eram apresentados como um objetivo a ser buscado pela indústria brasileira, no entanto, poucas foram as iniciativas de aplicação na prática do trabalho fabril. Ou seja, na implementação houve a preocupação com a parte administrativa, que supervisionaria o trabalho dos operários, e na qualificação da mesma, porém não houve uma análise mais profunda a respeito das diferenças entre os operários estrangeiros e os operários brasileiros.

Um exemplo no qual o fordismo fracassou no Brasil ocorreu na cidade de Fordlândia, onde Ford criou uma empresa de extração de borracha das seringueiras na qual era gerido o fordismo. Os trabalhadores das plantações recebiam uma alimentação típica norte-americana, como hambúrgueres, instalados em habitações também ao estilo norte-americano, obrigados a usar crachás e comandados num estilo a que não estavam habituados, o que causava conflitos e baixa produtividade. Devido à forma de gerência atroz implantada, e à rispidez por parte dos administradores que supervisionavam os operários de forma rígida, os trabalhadores locais se revoltaram. E com um tempo a empresa foi à falência.

 

Em Fordlândia Insatisfeitos, operários destruíram a fábrica e até o relógio de ponto

Em Fordlândia Insatisfeitos, operários destruíram a fábrica e até o relógio de ponto

 

Por Clarisse Darsie

 

Fonte foto:
http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/foi-fordismo-ele-representou-brasil-716887.shtml
Bibliografia:
PICCINI, Valmíria; ALMEIDA, Marilis; OLIVEIRA, Sidinei Sociologia e administração Relações sociais nas organizações. Rio de Janeiro. Elsevier, 2011 PEREIRA, Rosângela; OLIVEIRA, Sidinei. Capítulo 13 Taylorismo e Fordismo: A racionalidade técnica na organização.

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